quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Bruce Springsteen - "Rocky Ground"

"We've been traveling over rocky ground, rocky ground
There's a new day coming"



A próxima Escolha musical de 2012 é um habitué aqui no blog. Figura marcante da minha vida nos últimos 5 anos e vencedor em várias "categorias" neste ano, falo-vos de Bruce Springsteen que, com este post, soma já 15 entradas no blog.
Mesmo não sendo ouvido com tanta consistência como noutros anos, segundo a minha revisão, em 2012 Bruce foi o Artista no activo do ano; em grande parte devido a ter dado o Concerto do Ano (no Rock In Rio Lisboa) e a ter lançado o Tema original do ano ("Land Of Hopes And Dreams"), no seu álbum "Wrecking Ball".

"Wrecking Ball" pode ter perdido para "Shields" na categoria de Álbum original do ano, mas nem por isso Bruce Springsteen deixou de ter um papel importante no meu quotidiano, em 2012.
Uma vez que já tinha escrito um post sobre "Land Of Hopes And Dreams" (na véspera do concerto no Rock In Rio), hoje deixo aqui aquele que foi "o outro" grande tema do álbum.



"Rocky Ground" é um dos temas mais arriscados da carreira de Bruce Springsteen. Esta ofereceu-nos um filão quase inesgotável de boa música, mas sem grande diversidade. Bruce é muito forte no seu registo, mas arrisca pouco para além das suas incursões mais carregadamente folk.
Com "Rocky Ground", Bruce vai ao hip-hop (que heresia!) buscar uns loops e até põe um rap pelo meio; vai ao gospel buscar as vozes para uma paisagem harmoniosa edificante. No papel, nada disto parece ter a ver com Bruce Springsteen, mas a verdade é que em "Rocky Ground", esta mistura resulta.

Resulta ainda melhor no álbum "Wrecking Ball", com a passagem do fade-out gospel de "Rocky Ground" - tema de lamento em tempos difíceis, para o início a capella de "Land Of Hopes And Dreams" - hino de esperança. Os dois grandes temas de "Wrecking Ball" e dois temas que ilustram, e de que maneira, o meu 2012.

Se pensarmos no assunto, é incrível como a música pode ter um impacto tão grande nas nossas vidas:  conduz o nosso estado de espírito; ajuda-nos a levantar quando estamos no chão.
Mas mais que a ajuda pessoal, a música serve ainda como elo de ligação interpessoal: fortifica as amizades magoadas; dá-nos a conhecer amigos que ainda não o eram.
O concerto de Bruce Springsteen e da E Street Band no Rock In Rio foi um dos pontos mais altos do ano e foi tudo aquilo que referi. Para o bem e para o mal.

Neste post, já descrevi com bastante rigor aquilo que, para mim, foi ver Bruce Springsteen ao vivo no meu país. Mas não resisto a deixar só mais uma nota acerca da "experiência" que é um concerto da E Street Band e da autenticidade de Bruce.
James Hetfield - vocalista dos Metallica (banda de Thrash Metal, ou seja, longe do estilo de Bruce) - fala sobre a importância de ser verdadeiro na sua música:



"We went to see Bruce Springsteen the other night. I'm not the biggest fan of his music, but I watched him live and..." 
(James arregala os olhos) 
"My God, he means it!
He really means it! It's in his heart, it's in his face, it's in his eyes! 
You see him and you go.. WOW! He could go forever!"

A verdade. É isso que procuro na música de Bruce Springsteen. Não a verdade sobre Bruce, mas a verdade sobre mim. Como disse o Presidente dos EUA - Barack Obama (outro grande fã do Boss) - quando laureou Bruce Springsteen nos Kennedy Center Honors, citando o próprio:
"I’ve always believed that people listen to your music not to find out about you, but to find out about themselves."

Ao longo dos anos que a música de Bruce me acompanhou, muito já descobri sobre mim e 2012 não foi excepção. Para o bem e para o mal.

4 comentários:

  1. Tanta coisa que gostava de dizer e vai ser sempre pouco... Agora que estamos mesmo no fim do ano posso dizer que este concerto foi o ponto mais alto (altíssimo) do meu ano em termos musicais e acabou por reflectir-se em formas que nunca imaginei em termos pessoais também.
    É impossível tentar explicar em termos exactos o impacto que o Bruce Springsteen tem tido na minha vida neste ano que está a acabar e a forma como este post me tocou porque é tal e qual como tu dizes (neste post e nos outros 14) e é tal e qual como disse o Obama.
    O Bruce toca (e aqui esta palavra é perfeita precisamente pelo duplo significado) numa parte de mim que eu nem sabia que existia.

    Por acaso a "Rocky Ground" não é das músicas que mais gosto dele (já a "Land of Hopes and Dreams" diz-me bastante) mas o "Wrecking Ball" é um álbum que tenho de explorar muito melhor :)

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    1. E eis que num comentário de 2 parágrafos, conseguiste resumir todo um post!

      É verdade, tanto que se poderia dizer acerca do impacto daquele concerto e seria sempre pouco...
      Eu não quis fulanizar no post, com risco disto se tornar um diário e até porque os "visados" sabem quem são, mas na parte em que digo:
      "a música serve ainda como elo de ligação interpessoal: fortifica as amizades magoadas; dá-nos a conhecer amigos que ainda não o eram."
      ...tu estás obviamente incluída no pacote dos "amigos que ainda não o eram"! :)
      Depois disso, a importância que tu tiveste na ressaca do "outro" acontecimento uns meses mais tarde... foi enorme. Se isto não mostra, num caso prático, a força da música (no caso, da música do Bruvce), então não sei!

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    2. Ah, outra coisa: na altura do concerto eu "avisei-te" das ondas de choque que a música do Bruce poderia provocar, tal como tinha provocado na minha. Quem te avisa... ;-)

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    3. ... meu amigo é :))

      Lá está, são coisas que não dá para explicar. O poder da música está na génese de tudo o que aconteceu à volta daquele concerto, a nível musical e pessoal :)

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Let the music do the talking.